segunda-feira, 25 de abril de 2016

Cia.Teatro do Incêndio prorroga temporada da peça "O Santo Dialético"

O espetáculo que estreou no dia 20 de fevereiro prorroga temporada devido ao sucesso de público.
Durante as sessões, o diretor Marcelo Fonseca cozinha pratos típicos brasileiros referentes ao tema
da peça (feijoada, acarajé e arroz carreteiro, entre outros). Projeto aborda a perda da ancestralidade.

A obra do antropólogo brasileiro Darcy Ribeiro emprestou o nome para o projeto A Teoria do Brasil, contemplado na 26ª edição do Fomento ao Teatro, que teve como resultado de pesquisa a peça O Santo Dialético, da Cia. Teatro do Incêndio. Com texto e direção de Marcelo Marcus Fonseca, o espetáculo vem tendo lotação esgotada e terá sua temporada prorrogada até 26 de junho, na sede do grupo. Os ingressos passam a ser cobrados no sistemapague quanto puder. O espectador o retira com até duas horas de antecedência, mas recebe um envelope e decide o valor que pode oferecer só ao final do espetáculo.

Sobre O Santo Dialético
Na correria da metrópole, seis histórias são contadas. Um índio estuda para ser seminarista; uma moradora de rua se voluntaria para missão humanitária depois de sofrer uma overdose; uma prostituta chega à profissão após abandono da mãe, índia; um casal negro e evangélico é composto por um marido que se atordoa com o som do berimbau e uma esposa que não pode ter filhos; outro casal, caucasiano, é formado por mulher em tratamento de saúde e homem que não se reconhece no corpo masculino. Os enredos são contados concomitantemente e partem de uma mesma premissa: a perda da ancestralidade, da significação e da identificação pessoal.

Treze atores em cena costuram a trama ambientada numa arena de 18 por 7 metros, cercada pela plateia, da qual entram e saem pequenos cenários sobre rodas – como carros alegóricos. O espaço cenográfico móvel foi desenvolvido por Fabrizio Casanova. O dinamismo dá as mãos a uma trilha sonora mecânica e figurino cosmopolita: macacões jeans, assinados por Gabriela Morato – que também está em cena –, entrecortados por aplicações em outros tons do azul urbano. Tudo para o primeiro ato, na cidade. “Nela acontece a recusa de qualquer possibilidade de ancestralidade. A ideia é mostrar um Brasil retalhado, formado por fragmentos de diversos elementos históricos”, diz Marcelo Fonseca, idealizador do projeto A Teoria do Brasil.

O espetáculo O Santo Dialético, cujo título brinca com o sincretismo brasileiro, circula por dois outros ambientes em seus 150 minutos, compostos por dois atos e um intervalo. Depois de 1h30 na ambientação da cidade, a plateia é guiada pelos atores até o terceiro andar do teatro. Durante 25 minutos, Marcelo Marcus Fonseca serve pratos escolhidos anteriormente pelos espectadores. “No intervalo, a plateia entra ainda mais no teatro, em vez de se desligar dele”, conta. O espectador pode decidir por não jantar.

A experiência gastronômica resgata referências africanas, portuguesas e indígenas tanto na composição quanto na apresentação. A cada final de semana da temporada, um prato diferente é servido, começando pelo maior caldeirão de referências da culinária brasileira – a feijoada. Também entram no menu o caldo de mandioca, o acarajé, a tapioca e o arroz carreteiro, entre outros. A degustação custará entre R$ 20,00 e R$ 40,00 e acompanha salada e sobremesa (quitutes variados por sessão).

Encaminhado em cortejo de volta à sala de teatro, o público se vê em um novo ambiente: uma floresta. A trilha sonora original, criada ao vivo pelo multi-instrumentista Bisdré Santos, diretor musical da peça, dá o clima ao espaço. Piano, percussão, violão de sete cordas e flauta dão o tom ao segundo ato, no qual a ancestralidade passa a ser o objeto de procura – mesmo que não se possa atestar que ainda exista. “Quando você não entende sua própria mitologia precisa preencher esse vazio com outras coisas”, explica Marcelo Fonseca.


Foto: Giulia Martins.




Para roteiro
O Santo Dialético, da Cia Teatro do IncêndioDe 23 de abril a 26 de junho, sábados, às 20h, e domingo, às 19h. Endereço: Rua Treze de Mario, 53 – Bela Vista, São Paulo. Classificação: 14 anos. Duração: 150 minutos (intervalo de 25 minutos). Capacidade: 80 lugares. Ingressos: pague quanto puder.


Ficha Técnica
Texto e Direção geral: Marcelo Marcus Fonseca. Direção Musical, Composições Originais e Música ao vivo: Bisdré Santos. Figurinos: Gabriela Morato. Cenografia: Fabrízio Casanova. Iluminação: Helder Parra e Marcelo Marcus Fonseca. Fotos: João Caldas e Giulia Martins. Preparação Vocal:Alessandra Krauss Zalaf. Assistência de direção: Sérgio Ricardo. Produção:Cia. Teatro do Incêndio. Trilha sonora mecânica: Marcelo Marcus Fonseca e Bisdré Santos. Coreografia: Gabriela Morato. Operação de Luz: Helder Parra.Operação de Som: Victor Castro. Assistente de Produção, cenografia e montagem: Victor Castro. Responsável técnico: Antonio Rodrigues. Assessoria de Imprensa: Arteplural Realização: Cia. Teatro do Incêndio.

Atores: Gabriela Morato, Francisco Silva, Elena Vago, Luciana Fernandes, Wallace de Andrade, Victor Dallmann, Silvia Maciel, Felipe Samorano, Victoria Cavalcante, Valcrez Siqueira, Thiago Molfi, João Costal

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